27.6.09
Sócrates : A Mentira como Prática Política Corrente
Este nosso negregado Governo socrático arrasta penosamente a sua incompetência, degradando sempre mais a sua já pequeníssima quota de credibilidade política.
Agora, foi a trapalhada da Telecom, induzida numa acção espúria para satisfazer um ódio particular de José Sócrates contra um serviço de telejornal semanal de um canal de TV privado.
Só a pronta e enérgica reacção da Oposição, com Manuela Ferreira Leite à cabeça, denunciando a tramóia em curso, acrescida do aviso do Presidente da República, levaram o Governo a recuar, recolhendo as garras e a manha reveladas.
No espaço de dias, a mentira ficou descoberta. Aquilo que era uma mera acção de privados, no aberto e transparente Mercado Económico e Financeiro, com a qual nada tinha e de que nada sabia o nosso inocentinho Governo, passou rapidamente a clara ordem de abandono da intenção de compra comunicada à Telecom, que, por pura iniciativa privada, havia esboçado a aquisição de 30 % da Empresa detentora da TVI, a tal que despudoradamente mantinha um Telejornal semanal considerado hostil à política do Governo.
Sai da presente tramóia muito mal vista a Administração da Telecom, arrastada, com ou sem vontade própria, pelo Governo socrático para um negócio de funda inspiração política.
Veja-se como uma das maiores Empresas do País, na qual o Governo mantém direitos especiais de accionista, por representação do Estado, nas suas principais decisões de gestão, se presta afinal a actuar como braço armado do Governo, para interferir na orientação administrativa de uma Empresa de televisão, putativamente contrária à acção política do Governo.
Num tempo em que tanto se elogia o papel isento e regulador do Mercado, na actividade económica, até por políticos afirmadamente de esquerda, socialistas, como também se costumam classificar, a acção agora perpetrada deveria cobrir de vergonha todos os agentes nela envolvidos, membros do Governo, com Sócrates em lugar de destaque e os Gestores da Empresa que na tramóia colaboraram.
Quando se governa deitando mão de todos os expedientes, termina-se sem dignidade.
Este triste Governo socrático, a escassos três meses do final do seu mandato, deixa aqui bem demonstrada a sua inveterada venal prática política.
Só de pensar que tal prática pode prolongar-se por nova maioria, nas próximas eleições legislativas, causa imediato repúdio e uma verdadeira sensação nauseante.
Impedir que tal aconteça, torna-se prioridade absoluta.
Esperemos que o eleitorado dê, de novo, a resposta conveniente a tamanha indignidade política demonstrada pelo governo socrático.
Liquidar esta prática política, que nada tem de socialista ou social-democrática, como por vezes ainda se quer fazer passar, é uma necessidade premente.
Só o puro interesse de seita move esta gente indigna que persiste em nos querer governar.
É urgente acabar com tal pesadelo.
É urgente regenerar o corpo político da Nação.
AV_Lisboa, 27 de Junho de 2009
16.6.09
O Fiasco Socrático
Passou mais um acto eleitoral em que os Portugueses foram convocados a escolher os seus deputados preferidos, desta feita para o Parlamento Europeu.
Primeira nota a salientar :
O Partido do Governo, do Primeiro-Ministro José Sócrates, saiu claramente derrotado. Este Partido, que reluto em designar de socialista, por respeito aos militantes, escassos que sejam, que ainda não desistiram de lutar politicamente sob inspiração da ideologia que um dia os levou a aderir a tal agremiação, está hoje transformado numa espécie de União Nacional de interesses avulsos de corporações e particulares, onde a última coisa que agora importa é a ideologia.
O actual Partido dito Socialista atingiu um ponto de tão profunda descaracterização ideológica e ética, que o nosso distante mas sempre dilecto Antero de Quental, se porventura aqui regressasse, sofreria provável fulminante apoplexia, só de ver e ouvir alguns dos seus mais destacados dirigentes.
A descaracterização introduzida neste Partido pelas suas duas últimas lideranças – a de António Guterres e a de José Sócrates – vai exigir, da parte sã sobreviva, um empenho extraordinário de redefinição dos princípios doutrinais fundadores, para muitos, admito, já estranhos de tão ostensivamente esquecidos.
Segunda nota :
A actual vitória do PSD, num quadro de altíssima abstenção, aproximadamente 62%, não deve ser tomada como prenúncio de nova vitória nas próximas eleições legislativas, a realizar de aqui a três meses, mas apenas como proporcionando encarar esse combate com justificado optimismo.
Terceira nota :
Saíram furadas as previsões algo suspeitas das Empresas de Sondagens que davam como praticamente garantida a vitória socialista, coisa que quase todos os órgãos de comunicação social, grandemente favoráveis ao Governo Sócrates, se apressavam a repetir até à exaustão.
Afinal, nem tudo ainda é possível na arte de mentira e da ilusão política. O Povo, mesmo aturdido pela forte propaganda socrática, ainda guarda um laivo que seja de autonomia capaz de desfazer a tramóia.
Quarta nota :
O êxito alcançado pelo PSD deve-se muito mais a Rangel que a MFLeite, de que cumpre relevar a discrição adoptada durante o decorrer da campanha. Com isso evitou o efeito nocivo da sua propensão para cometer deslizes, em resultado da sua fraca intuição política.
Faltará saber se à sua volta ainda subsistem certas irrelevâncias da era barrosista-santanista que nada de bom poderão augurar. Se não forem afastadas essas irrelevâncias o resultado pode ser funesto, se não logo no acto eleitoral, certamente depois dele na constituição de eventual futuro Governo, facto que, a suceder, conduzirá a nova frustração do eleitorado, liquidando, porventura, de vez a confiança política dos portugueses no PSD e, pior ainda, no sistema democrático, em si mesmo.
Veremos se resta na direcção política do PSD uma quota de bom senso suficiente para impedir a repetição do último falhanço governativo do PSD.
Dada a inconsciência das consabidas irrelevâncias, o pior cenário é de temer.
Quinta e última nota :
Por agora, respira-se melhor, com a moderação da ufania socrática. Até o ferrabrás do Santos Silva parecia um dócil cordeiro na noite das eleições. Analogamente, também o estilo arrogante e arruaceiro de Vital se desvaneceu. Ele e a sua azougada companheira de campanha, a diplomata ( ? ) Ana Gomes, poderão finalmente iniciar um período de reconciliação mental com a realidade, acaso lhes sobre sanidade bastante para tal.
Sócrates igualmente terá de baixar crista, ainda que dificilmente perca aquele seu hábito altercador de vulgar politiqueiro, que o tem colocado a anos-luz de um desejado perfil de estadista. Nem de político ele alguma vez o atingirá, quanto mais de estadista…
Aguardemos então a evolução dos acontecimentos, sem euforias descabidas, mas também sem excessivo comedimento.
AV_Lisboa, 16 de Junho de 2009